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À CONVERSA COM A INSTINTO

Antes de mais, queremos deixar uma forte abraço de gratidão à Instinto por todo o esforço e dedicação que têm mostrado nestes quase 10 anos para ajudar os animais do concelho. Mesmo sendo uma das Associações da Covilhã mais conhecidas, acreditamos que haja algumas coisas que a população desconheça e, por isso, temos também como intuito que os covilhanenses conheçam a Instinto mais e melhor.


(L&N) - A Associação Instinto, neste momento, tem quantas pessoas a colaborar? Qual a organização dessa estrutura?

(Inst) - A Instinto tem cerca de 10 a 15 voluntários ativos.

A organização formal da Associação é semelhante à de outras Associações, com Órgãos Sociais constituídos - Direção, Assembleia Geral e Conselho Fiscal - mas, na prática, o grupo de voluntários ativos tem, no geral, uma forte presença nas atividades do dia a dia e na organização e gestão da Associação, sempre numa perspetiva colaborativa e aberta.

(L&N) - Têm ideia de quantos animais têm a vosso cargo neste momento, à espera de serem adotados ou à espera de uma família de acolhimento temporário?

(Inst) - Temos cerca de 100 animais, entre cães e gatos.

(L&N) - Quais as despesas mensais, em média, que têm com um animal enquanto ele está totalmente à vossa responsabilidade?

(Inst) - É difícil definir um valor médio de despesa por animal, devido à variabilidade de situações que surgem. A Instinto recolhe muitas vezes animais doentes, feridos, ou em situação de debilidade, que necessitam de cuidados veterinários distintos, como por exemplo, cirurgias, internamentos, tratamento de feridas, entre outros cuidados. Nestes casos, a despesa com um único animal pode ascender a largas centenas de euros. Outros animais, felizmente, poderão não necessitar de cuidados tão dispendiosos, mas, ainda assim, considerando desparasitações, vacinas, esterilização e alimentação, gastamos sempre uma quantia considerável com todos os animais que recolhemos.

(L&N) - Essas despesas são maioritariamente pagas pelos membros voluntários da Instinto?

(Inst) - Essas despesas são pagas através dos valores obtidos a partir de quotas de sócios, donativos, campanhas de angariação de fundos, entre outras atividades. Na verdade, podemos dizer que a Instinto sobrevive graças à solidariedade das pessoas que nos apoiam e que confiam no nosso esforço para tentar salvar o maior número de animais possível.

Claro que os voluntários têm despesas, nomeadamente em deslocações, em donativos que também fazem e em materiais e ração que compram e que pagam muitas vezes do próprio bolso.

(L&N) - Que tipos de apoios, desde financeiros a comida e outros utensílios costumam receber? Por parte da população em geral e/ou da Câmara?

(Inst) - Os apoios que recebemos são maioritariamente da população e consistem habitualmente em donativos financeiros ou em géneros - ração, materiais, cobertores, medicação, etc. Recebemos também apoio não material, mas que é igualmente importante para a nossa sobrevivência e dos nossos animais, por exemplo, com a inscrição de Famílias de Acolhimento.

Da parte da Câmara recebemos, desde há dois anos para cá, um financiamento ao qual concorremos anualmente, assim como as outras Associações do concelho, e que nós utilizamos integralmente para esterilização e devolução de animais pertencentes a colónias.

(L&N) - Todos sabemos que a Instinto deseja ter umas instalações próprias e até ganhou a sua presença no Orçamento Participativo de 2015. De que forma a Instinto pretende utilizar essas instalações? Qual o projeto ou ideia que tem se vier a ter essas instalações?

(Inst) - Essas instalações serão utilizadas para acolhimento de animais. O espaço não é grande e não permite um número muito significativo de acolhimentos, mas, ainda assim, iria ajudar-nos bastante na gestão de situações mais urgentes ou no acolhimento de animais que necessitam de cuidados mais específicos.

Para além disso, foi projetado para permitir realização de cuidados veterinários, nomeadamente esterilizações, o que poderia potenciar fortemente a nossa ação no âmbito do controlo da procriação animal.

(L&N) - Relativamente aos apoios da Câmara, ficou oficializado no Orçamento Participativo de 2015 que a CMC iria conceder as tão esperadas instalações à Instinto. Já passaram 6 anos. Em que ponto está a situação?

(Inst) - Não sabemos dizer, sinceramente…

Aquilo que é visível aos olhos de qualquer pessoa, é que o espaço está construído e, aparentemente, preparado para ser utilizado. O motivo pelo qual ainda não foi entregue à Instinto, é algo que não conseguimos perceber.


(L&N) - Desde 2015 até hoje, quais as justificações que a CMC tem apresentado para esta demora na cedência das instalações?

(Inst) - Essas justificações têm sido públicas.

Inicialmente, o terreno definido para a construção não oferecia condições e teve de se escolher uma nova localização. Depois, faltavam licenças. Agora, a COVID… Enfim… Sinceramente, a nós parece-nos nítido que há falta de vontade política.

(L&N) -


José Miguel Oliveira declarou à RCC que as instalações estariam prontas no final de 2020, início de 2021 o mais tardar. Alguém da CMC já vos contactou a dar alguma novidade?

(Inst) - Até agora, não.

(L&N) - Além da falta de instalações, quais são as principais dificuldades que têm sentido?

(Inst) - São sobretudo financeiras, mas também falta de capacidade humana e de tempo para acompanhar as exigências crescentes da Associação. A Instinto vive de voluntariado, mas o nível de trabalho é tanto, que justificava pessoas a trabalhar integralmente para a Associação.

(L&N) - O que pensam do futuro da Instinto?

(Inst) - Uma das nossas voluntárias diz que o futuro perfeito para a Instinto seria não haver necessidade de existirmos, pois isso significaria que não haveriam animais abandonados a precisar de nós.

Sabemos que isso é uma ilusão, mas seria de facto desejável que as instituições públicas e municipais pudessem assumir as suas responsabilidades no combate à sobrepopulação animal, ao abate injustificado e ao abandono, assumindo um papel inequívoco na esterilização de animais de rua, na promoção de adoções responsáveis e na melhoria das condições das estruturas municipais. Sabemos que a Câmara da Covilhã recebeu financiamento do Governo para realizar obras no Canil Municipal e esperamos honestamente que esse dinheiro seja canalizado para esse fim. O nosso Munícipio continua a estar no topo da lista dos municípios portugueses que mais abate, o que nos deixa profundamente desiludidos e o que prova que as Associações, por si só, não conseguem fazer milagres.

Desde há 10 anos que temos batalhado pelos animais abandonados da região e em momento algum os responsáveis pelo Canil Municipal demonstraram vontade em unir esforços ou fazer parcerias que pudessem potenciar o trabalho de ambas as Instituições.

Já seria bom que o futuro passasse por uma atitude mais colaborativa e pela demonstração de vontade por parte desses responsáveis em reduzir os vergonhosos números que a Covilhã insistentemente tem demonstrado nas estatísticas.

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