Após o impacto social causado por diversos temas relacionados com a mobilidade na Covilhã, parece que toda a poeira assentou. A Coligação publicou novamente a orientação dos votos, de cada vereador, no Plano de Mobilidade, afirmou que há um silo em Lisboa mais barato que os da Covilhã e informou os cidadãos que colocou algumas questões na reunião de Câmara.
A CDU também apresentou as suas habituais reivindicações; a Plataforma das Scuts também já anunciou “mais um embuste de António Costa”, tendo até um dos seus integrantes, por via das suas redes sociais, apelidado o 1º Ministro de “canalha”:
O caminho nunca será a ofensa, nem qualquer tipo de agressão. Embora possa ser difícil em certos momentos, temos que ter brio e elevação e não nos deixarmos envolver pelas emoções negativas. Além do mais, o Sr Luís Garra sabe bem quais eram as consequências caso alguém não controlasse as suas emoções, na era de Estaline. Assim sendo, como dissemos no início, parece que tudo voltou ao normal no nosso concelho.
A mesma personalidade publicou ainda a seguinte imagem:
A indubitável estratégia de chamar a si os méritos da redução das portagens faz parte do tal regresso à normalidade na Covilhã. A mensagem subliminar, neste caso, traz-nos ao espírito aquela frase de um antigo dirigente comunista de um país da Europa Central: " As massas constroem o socialismo, o Partido fá-las tomar consciência" . Mutatis mutandis, dir-se-ia agora: " as massas lutam pela reposição das Scut, a Plataforma fá-las tomar consciência"
Lembramos o Sr Luís Garra que, no fim das contas, quem consegue e quem beneficia é a sociedade civil. A Plataforma é um mero instrumento ou via que é utilizada para a sociedade civil conseguir o melhor para si. Primeiro as pessoas, depois os interesses dos partidos e das plataformas.
As pessoas sabem perfeitamente quem está envolvido nas lutas e nas causas e os Partidos e as Plataformas não têm que perder tempo, tentando dar consciência às pessoas, a lembrar-nos do que fizeram. Fiquem descansados, todos nós nos iremos lembrar do que fizeram, e do que não fizeram.
Ocorreu há semanas, na Covilhã, o protesto “Casas Para Viver”, em parceria com outros movimentos do mesmo teor. Organizado, pacífico e muito forte na transmissão da mensagem. Trata-se de um problema à escala global, havendo até quem o considere uma nova pandemia. Estiveram presentes elementos afetos ao Bloco de Esquerda e à CDU; apenas e só estes dois partidos se fizeram representar. Sendo um dos principais problemas da atualidade e tratando-se de um direito da Constituição claramente violado, ficámos admirados pelas ausências do PS e da Coligação. Esta manifestação não foi planeada por partido nenhum; foi uma manifestação de caráter social e interesse público; e não partidário. O tal regresso à normalidade está mesma a acontecer.
Passando ao tema das greves, estas são inerentes aos sindicatos e, ao falarmos de um, estamos naturalmente a falar do outro. Houve há dias uma tomada de posição da USCB sobre alegadas práticas laborais ilegais e imorais, no Grupo Paulo de Oliveira e o sindicato têxtil da região também expôs o “atropelo aos direitos humanos”, por parte de empresas como Paulo de Oliveira, Goucam, Dalina e Twintex.
Marisa Tavares, presidente da estrutura sindical, falou à imprensa:
Imagem 1. Excerto de notícia da RCC
A greve já teve resultados fantásticos que se imortalizaram, e Portugal tem um passado muito importante no que toca a greves, lideradas maioritariamente pela CGTP, que por sua vez é liderada pelo PCP. Com exceção daqueles anos de “Geringonça”, o nosso país sempre teve inúmeras greves e irá continuar a ter enquanto Portugal não for um país civilizado.
Quanto ao segundo parágrafo das declarações da Srª Marisa, estamos convictos de que não se esqueceu daqueles trabalhadores competentes, que querem melhores condições gerais de trabalho, mas que não gostam, ou não fazem greves. A competência dos trabalhadores já devia ser suficiente para obter essas condições e quando afirma que “quem não luta, não tem direito a exigir”, embalada pelo espírito da greve, está a excluir outros trabalhadores competentes que, respeitosamente, não aderem a greves. Este tipo de afirmações abre campo à chantagem. Os que não aderem à greve não têm direito a exigir nada, mesmo se forem competentes naquilo que produzem?
É este vazio que faz parte da normalidade da Covilhã, e infelizmente já estamos a presenciar o Regresso da Normalidade.
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