O primeiro artigo de 2021 vai referir-se ao sistema de saúde pública no concelho da Covilhã. O tema saúde ganhou especial relevância no ano passado pelos piores motivos e parece que ainda vai durar mais uns tempos largos. Mais do que nunca, a saúde é hoje o núcleo da qualidade de vida das populações. Como está organizada a saúde na Covilhã?
De forma esquemática, temos o seguinte:
1- Centros de Saúde (CS)
2- Extensões de Saúde (ES)
3- Unidades de Saúde Familiar (USF)
4- Unidades de Cuidados de Saúde Personalizada (UCSP)
5- Unidades de Cuidados Domiciliários (UCD)
6- Centro Hospitalar Universitário da Cova da Beira (CHUCB)
1- CENTROS DE SAÚDE
Temos um CS na cidade da Covilhã e outro no Tortosendo.
2- EXTENSÕES DE SAÚDE
Este é o conceito que está mais alargado, pois existe uma ES por freguesia. Temos à disposição ES no Dominguiso, Ferro, Barco, Casegas, Orjais, Peso, Teixoso, Vale Formoso, Vila do Carvalho, são Francisco de Assis, Barroca Grande, Cortes do Meio, Erada, Paúl, São Jorge da Beira, Sarzedo, Unhais da Serra, Verdelhos, Trigais e Sobral de São Miguel.
3- UNIDADES DE SAÚDE FAMILIAR
Quanto a USF, ainda está em desenvolvimento. Na cidade da Covilhã, temos a Unidade de Saúde Familiar Estrela, a qual começou a funcionar no Centro de Saúde da Covilhã a 30 de Junho de 2020. Possui 6 equipas compostas por 6 médicos especialistas em saúde familiar, 6 enfermeiros e 4 administrativos. Apoia 8400 utentes na união de freguesias Covilhã-Canhoso e está previsto vir a apoiar futuramente 9600 utentes.
Tem algumas valências, nomeadamente assistência ao domicílio e consulta de urgência com um tempo de espera aproximado de 30 minutos. Garantem ainda que uma consulta seja atendida num espaço de 5 dias.
Esta USF está provisoriamente no CS da Covilhã, embora esteja também prevista uma sede própria, só não se sabe para quando. Salientamos ainda que esta USF está aberta ao público das 8h às 20h e encerra aos fins de semana.
Por último, prevê-se ainda desenvolver uma área adicional dedicada ao Pé Diabético e Feridas Complexas. Uma área bastante delicada e que é de máxima urgência, pois tem levantado algumas situações polémicas. Ao que se consta, o hospital da Covilhã é, a nível nacional, o que mais amputações realiza. Os utentes que necessitam de tratamento ao Pé Diabético têm de ser sujeitos a tratamento noutras unidades hospitalares de outros concelhos caso não aceitem a amputação.
4- UNIDADES DE CUIDADOS DE SAÚDE PERSONALIZADA
Esta unidade tem a sua sede provisória no CS da Covilhã, que presta cuidados de saúde personalizados e é composta por 14 médicos, 14 enfermeiros, 10 secretários clínicos, 2 assistentes operacionais. Temos um pólo na Boidobra, outro no Ferro e mais um em Pêraboa.
5- UNIDADES DE CUIDADOS DOMICILIÁRIOS
A única informação que encontrámos foi relativa ao horário de atendimento, que é das 8h às 20h, excepto aos fins de semana.
6- CENTRO HOSPITALAR UNIVERSITÁRIO COVA DA BEIRA
O hospital da Covilhã é uma Empresa Pública Empresarial que presta cuidados de saúde às populações residentes nos concelhos da Covilhã, Belmonte, Fundão, abrangendo sensivelmente 90.000 pessoas e tem entre 1000 a 5000 funcionários.
O seu conselho de administração é composto pelas seguintes personalidades:
- João Casteleiro
- Vítor Mota
- Sandra Duarte
- Ana Paula Rodrigo
Relativamente à Rede de Cuidados de Saúde Oral, é público que foi celebrado um protocolo entre a Câmara Municipal da Covilhã e o Ministério da Saúde, em 2018, para a existência de dentistas nos cuidados primários de saúde. Talvez o conselho administrativo do hospital, ou até a própria edilidade consigam responder às nossas questões: Esta rede está a funcionar? Onde? Quem são os especialistas? Como e quem pode ter acesso?
Numa entrevista dada ao Jornal Forum Covilhã, o Dr João Casteleiro refere que o hospital tem alguns projetos que o próprio teria gosto em ver concretizados, tais como a medicina nuclear e uma unidade de cardiologia de intervenção, que foi anunciada em 2018 e ainda não se efetivou. Sobre a cardiologia de intervenção, o Dr João Casteleiro afirma:
”Tem de haver nesta zona uma unidade destas, sendo que esta é uma «zona sombra» que existe no país e onde ficamos mais longe de uma intervenção direta sobre uma determinada doença ou patologia. Uma pessoa que tenha um enfarte nesta região não tem as mesmas possibilidades de ser socorrida, comparativamente a uma pessoa que está em Lisboa, em Coimbra ou até em Viseu.”
Sobre tempos de espera, muito mal vai a nossa região quando falamos sobre oftalmologia, otorrinolaringologia e dermatologia:
“Não posso ficar insensível, quando uma pessoa tem uma catarata, não consegue ver e tenha que esperar pela operação. Há duas ou três áreas em que as consultas têm tempos de espera muito elevados em todo o país, nomeadamente oftalmologia, otorrinolaringologia e dermatologia.” - disse o Dr. João Casteleiro
Há uma infindável informação revelada pelo Dr. Casteleiro sobre o que vai mal no nosso hospital. Deixamos aqui o link da entrevista para que possam ler na íntegra ( http://www.forumcovilha.pt/noticias/noticia/?idn=12832 ).
Ressalvamos que as doenças cardiovasculares são uma das principais, senão mesmo a principal causa de morte no país. Relembramos também que muita da nossa população não tem condições para aceder à saúde de privados quando precisam de oftalmologistas, otorrinos ou dermatologistas. Posto isto, e mais uma vez sem qualquer menosprezo pela luta da abolição das portagens, onde estão os partidos, líderes partidários, militantes e suas crónicas, candidatos às autárquicas e sindicatos na luta por uma unidade de cardiologia de intervenção no concelho? Serão as portagens mais importantes que a saúde da população da região? Ou será que apenas se inserem em lutas que oferecem mediatismo? Terão vocês o devido foco e atenção que as populações merecem? Vão continuar com as vossas lutas de egos sobre as portagens, ou vão intervir sobre o que realmente interessa?
Por último, queremos lançar mais uma questão especificamente direcionada para autarcas e candidatos: o que pensam fazer sobre o modelo atual de administração do hospital? Quando muda o Governo, muda a administração - será que esta partidarização da saúde é o modelo que os utentes necessitam?
“Avançamos na ciência, mas...
quando avançaremos como humanos?”
José Eduardo Souza
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