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MOBILIDADE COVILHÃ: Preço do Estacionamento

Continuando com o tema da Mobilidade, esta semana vamos falar do preço do estacionamento. Este não pode ser encarado de forma simplista, pois existe a vertente do estacionamento em rotação e a vertente das avenças proporcionadas a comerciantes e residentes.

Esta análise vai muito além de se dizer que é caro e que não serve aos covilhanenses e que a Transdev lucra muito com tudo isto. Estas conclusões são possíveis, mas primeiro temos que nos dar ao trabalho de analisar a situação exatamente como ela exige que se faça.

No dia 23-09-2023, a coligação Juntos Fazemos Melhor fez a seguinte publicação nas suas redes sociais:



A veracidade desta informação não se coloca em causa, mas é demasiado redutora. Uma publicação com esta forma e conteúdo abre campo a interpretações como uma manipulação de voto, demagógica e populista.

Nós não compactuamos com este tipo de tomadas de posição. O que nós tentamos fazer todas as semanas é sair da superficialidade dos temas e aprofundá-los o mais possível.

Trata-se de uma publicação redutora porque é estabelecida uma comparação apenas com um exemplo, que é um estacionamento da Alameda dos Oceanos. Para que esta jogada política da Coligação tivesse sustentabilidade a amostra teria de ser maior. E não só! Mas já explicamos mais adiante.

Já que a Coligação não fez essas pesquisas, nós fizemos (bastante rápidas por sinal) e passamos a expor:


Preços de três silos da cidade do Porto, explorados pela Ágora:


Pode consultar a informação desta tabela aqui:



Pegando no exemplo da publicação da Coligação, em 4 horas de utilização de qualquer um destes três silos do Porto, na vertente “Estacionamento em Rotação”, o utilizador pagaria 1€ na primeira hora e 1,20€ por hora nas três horas seguintes. Então temos: 1€ + 1,2€ + 1,2€ +1,2€ = 4,60€.

Além destes três, contactámos via telefone outros três silos da cidade do Porto, explorados pela SABA. Inspirados pelo exemplo de 4h de estacionamento dado pela Coligação, perguntámos aos trabalhadores dos silos quanto custaria o estacionamento exatamente pelo mesmo período. Nota: facultamos os contactos telefónicos caso alguém queira confirmar a veracidade das informações que estamos a relatar.



Como referimos antes, nós queremos sempre fugir da superficialidade e ir mais fundo. Assim sendo, decidimos estabelecer uma relação entre estes custos dos silos e os rendimentos médios das populações dos respetivos municípios. Temos que nos basear nos rendimentos médios porque é impossível estabelecer esta relação com todos os salários pagos por concelho.

Segundo o Polígrafo, baseado nos dados da Fundação José Neves, a qual colhe dados do Gabinete de Estratégia e Planeamento do Ministério do Trabalho, o salário médio na Covilhã em 2022 é de 990€, no Porto é de 1191€ e Lisboa 1439€, também em 2022. Temos que nos basear no ano de 2022 porque os relatórios de 2023 ainda não estão publicados.

Para estabelecer a relação entre os salários e os custos do estacionamento fomos calcular qual a percentagem que o custo de 4 horas de estacionamento representa na média salarial:


4,45€ (preço 4h estacionamento) / 990€ (média salarial Covilhã) x 100 = 0.45%


Pelas contas, 4 horas de estacionamento na Covilhã representam 0,45% da média salarial covilhanense.

Assim, é fazer exatamente a mesma conta para os silos do Porto:


6,95€/1191€ x 100 = 0.58% - Silo Praça dos Leões

9,60€/1191€ x 100 = 0.80% - Silo Ribeira

7,65€/1191€ x 100 = 0.64% - Silo Cardosas

4,60€/1191€ x 100 = 0.39% - Silos Poveiro, Palácio Cristal e Silo Auto


Como é possível constatar, o peso que 4 horas de estacionamento têm nos bolsos dos covilhanenses é inferior ao peso que o mesmo tem nos bolsos dos portuenses, à exceção dos 3 silos explorados pela Ágora, embora a distância seja curta. E nem sequer nos debruçámos sobre a vertente “Avenças”. Ficará, talvez, para mais tarde.

Contactámos também os seguintes silos de Lisboa:


Façamos as contas:


Salário médio em Lisboa: 1439€ em 2022


6,80€/1439€ x 100 = 0,47% - Silo DOCA

6,65€/1439€ x 100 = 0,46% - Silo Calçada do Combro

9,35€/1439€ x 100 = 0,65% - Silo Descobertas


Todos os nove silos expostos têm um custo mais elevado que os da Covilhã, em termos quantitativos, no que toca a estacionamento em rotação. A matemática elementar, como contas de somar e de multiplicar, é uma ciência exata. Os números não enganam. Se ficássemos por aqui, a teoria que a Coligação lançou em praça pública já cairia por terra. Sem querermos “puxar dos galões”, estes exemplos dos silos de Lisboa e Porto destruíram por completo a publicação da Coligação, uma vez que esta encontrou um exemplo onde a tarifa é mais barata que a da Covilhã; e nós encontrámos nove exemplos onde a tarifa é mais cara.

A conclusão que se tira é que, mesmo sendo caro, os preços estão dentro do mercado dos silos se tivermos em conta a percentagem que esse custo representa no rendimento médio.

Concordamos que está tudo muito caro. Sem dúvida! Houve uma incapacidade clara de negociação por parte do executivo do PS. Os preços deviam estar muito mais baixos, pois os rendimentos por cá são miseráveis. Mas em contrapartida, a Transdev devia oferecer uma frota de autocarros muito mais alargada e, consequentemente, com muito mais frequência, para compensar os preços elevados do estacionamento.

As oposições devem ser fortes e sólidas, mas apenas se tiverem como fim o bem comum. Não se pode misturar o bem comum com os interesses político-partidários.

O modus operandi das oposições é o tradicional das décadas de 80/90, mais do que ultrapassado, sem visão, sem estratégia, com pouco ou nada que se aproveite. É a tal política velha…E as pessoas já não vão mais atrás de frases bonitas, de marketing político, nem de vendas de falsas esperanças. As pessoas querem ver ações! As oposições, mesmo não governando, representam muitos eleitores e estes apenas esperam que os seus representantes façam algo por eles.

Este texto mostra com mais rigor e precisão o que é isto das tarifas de estacionamento, sem demagogias, sem populismos, sem tendências. Mais uma vez, demos alguma informação às pessoas e, a partir daqui, a população que tire as suas ilações. Não escrevemos nada inquinado ou enviesado. Baseamo-nos em dados oficiais, em fontes credíveis e prestamos um serviço informativo à população, tentando ser justos e equilibrados em algumas análises que possamos fazer.

Terminamos este texto repetindo: em primeiro lugar está o bem comum e os interesses maiores das pessoas. Os interesses pessoais de cada político e os interesses político-partidários deveriam ficar para quarto ou quinto plano. Mas infelizmente, não é isso que acontece.


“A ética protege a vida, preserva o bem comum e cultiva a justiça” – Frei Nilo Agostini

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