Finalizamos a análise da oposição dos partidos da direita fazendo referência ao movimento independente De Novo Covilhã. Um movimento liderado por Carlos Pinto, antigo autarca do concelho, que presidiu à Câmara durante 20 anos.
A oposição exercida pelo vereador, que ultimamente se tem vindo a desvanecer um pouco, possivelmente também por já ter anunciado que não se recandidata, assentou essencialmente na mobilidade. Até que se compreende, uma vez que se houve obra feita por Carlos Pinto foi a nível da mobilidade, nomeadamente as pontes pedonais e os elevadores. Obras que aproximaram as pessoas à cidade e facilitaram certas dinâmicas das suas vidas. Tem motivos mais que suficientes para se sentir orgulhoso, mas os mais atentos e menos esquecidos também se recordam que jorraram fundos europeus que muito ajudaram a isso. Contudo, quanto à oposição exercida no que toca especificamente às bicicletas e ciclovias, achamos que há um desequilíbrio, talvez provocado por um toque acentuado de vaidade que enviesa, ou até mesmo impede, uma análise e uma tomada de posição mais construtivas e mais direcionadas para o bem-estar dos covilhanenses. Carlos Pinto chegou a ser deputado europeu, o que lhe permitiu absorver informação e ideias e, por isso, deveria ter consciência que, de facto, a ideia das bicicletas é positiva. Existe uma forte possibilidade de estar a ser mal planeada e executada, uma vez que até agora só apareceu tinta, muita tinta por aí espalhada; ainda assim, por que não tentar ir ao encontro das pessoas e ajudar a desenvolver a ideia? Não reconquistaria mais credibilidade política junto da população? Ou isso agora pouco importa, uma vez que já não se recandidata? Inúmeras cidades europeias já adotaram esta ideia, pois traz imensos benefícios para o ambiente, para a saúde e poupanças das pessoas e para a organização e harmonia da cidade. Acreditamos que seja um projeto difícil de colocar em prática, tendo em conta a inércia, a falta de ideias e de confiança que esta gestão camarária tem vindo a demonstrar nestes sete anos, e que durante a execução, o expectável é a presença de vários erros crassos, mas tudo se pode ir melhorando. Outro fator que pode atrapalhar a execução dos projetos é serem deixados todos para o último ano do mandato. Aquela estratégia de mostrar serviço no ano de campanha para ludibriar as consciências do eleitorado já é antiquada e, infelizmente, é uma prática linear a todos os partidos. Após este pertinente parêntesis, ressalvamos a importante colaboração que as oposições devem fazer para ir ao encontro do bem-estar dos covilhanenses. Não é com ironias sem qualquer ponta de originalidade que as coisas avançam, como é referido numa publicação na página de facebook do movimento independente, e passamos a citar: “Imagem das ruas da cidade da Covilhã cheias de ciclistas, este domingo e tráfego intenso de bicicletas. Quase não se vêem viaturas automóveis a circular. Os covilhanenses adotaram as bicicletas e as ciclovias, a convite desta Câmara visionária”. A ironia é , sem sombra de dúvidas, uma arte da comunicação. Abençoados Gil Vicente e Eça de Queirós.
Na longa entrevista dada à Rádio Cova Beira, a 1 de Julho deste ano, Carlos Pinto refere que tem cumprido o seu papel de vereador da oposição, mas que a atual edilidade nem se interessa em ouvir. Indica ainda que os interesses pessoais não se devem sobrepôr aos municipais - atitude elementar. Contudo, tal como já foi referido por Mesquita Nunes, as lutas de egos entre Vítor Pereira e Carlos Pinto em nada ajudam o bem comum. São episódios lamentáveis que já não se encaixam na política moderna. Vai permanecendo uma tendência para continuar a exercer política velha, baseada em acusações e esforços para ver quem sai por cima da polémica e fica melhor na fotografia. Meus caros, os covilhanenses pouco ou nada se preocupam com isso. Os munícipes que vos colocaram nos pelouros da gestão e oposição querem ver que há um foco na cidade e nas pessoas; sem esquecer que também fazem questão que haja transparência.
Esta demorada entrevista à RCB revelou alguns pontos importantes. Carlos Pinto colocou em causa um investimento de largos milhões de euros em iluminárias (Carlos Pinto chama-lhes lamparinas) no concelho e também no silo auto. São questões muito oportunas e nós, munícipes, devíamos prestar mais atenção. Tal como devíamos ter prestado mais atenção também aos milhões de euros que chegaram do programa POLIS para a construção do parque da Goldra, requalificação de ETARs envolventes, despoluição das águas e, ao que tudo indica mas que carece ainda de investigação, para a construção de uma grande ETAR. É impossível haver financiamento para a despoluição das águas sem ter associada uma grande ETAR. Foi tudo feito, menos a tal grande ETAR. Mas isto é um tema que ficará para mais tarde.
O movimento DNC beneficia da longa experiência do atual vereador para exercer uma oposição muito forte, apesar de, segundo as declarações de Carlos Pinto nessa mesma entrevista, a atual edilidade, recorrentemente, omitir as documentações e as informações necessárias. São comportamentos pouco ou nada dignos de uma democracia na sua essência, indo contra o Direito de Oposição, mas não podemos negar que não são comportamentos só de agora.
Quando se tenta fazer oposição, esta não pode seguir o caminho destrutivo. Fazer oposição só porque é essa a sua função torna-a abstrata. É preciso fazê-la tendo sempre consciência do passado, pois este, apesar de pertencer a museus e casas de antiguidade, deve ser trazido ao presente para que não se cometam os mesmos erros ou para avivar certas memórias mais enfraquecidas. Carlos Pinto arrasou esta Câmara por não conseguir atrair qualquer investimento. É um facto! Arrasou esta Câmara regozijando-se em simultâneo de ter trazido a Teleperformance e o famoso Cubo. Porém, convém relembrar que foi Carlos Pinto que “mandou embora” o velhinho aeródromo. Era uma estrutura muito útil à cidade para a vinda de professores universitários através dos táxis aéreos e tinha ainda a funcionalidade de apoio ao combate aos incêndios. Até hoje desconhece-se qual a motivação que levou a esta desastrosa decisão. Posto isto e de forma inteligentíssima, os governantes de Castelo Branco aproveitaram e é agora esta cidade que possui um aeródromo. Não teria ficado mal a Carlos Pinto, tal como não fica a Vítor Pereira e seus vereadores fazer uma visita guiada à cidade de Castelo Branco. Com toda a certeza se deparariam com um exemplo que deve ser seguido.
Finalizamos o artigo com uma ideia que muitas vezes é esquecida. Por norma, as pessoas, para tudo na vida, tentam aprender com exemplos de como fazer. Relembramos que também é possível aprender com exemplos de como não fazer. E é baseado nesta premissa que mostramos um exemplo de como não fazer oposição.
Na página de facebook do movimento DNC há outra publicação, a 12 de Dezembro de 2019, embebida em revolta, referente à atual inutilidade dos elevadores da cidade - elementos chave da mobilidade da Covilhã. Concordamos que haja chamadas de atenção, que haja pressão, mas que se deixem de populismos. A expressão usada pelo movimento, para a situação dos elevadores foi: “Vergonha, vergonha de Câmara”. Mesmo tendo a razão do seu lado, é perfeitamente evitável este populismo arcaico.
“Isto é uma vergonha!” - André Ventura (numa sessão na Assembleia da República)
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