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AUTÁRQUICAS 2021 E A COMUNICAÇÃO SOCIAL

A comunicação social é algo, principalmente nos dias de hoje, imprescindível numa sociedade democrática. É a comunicação social que nos dá a conhecer factos, que nos mantém informados e é uma excelente ferramenta no combate a populismos e até no combate à corrupção. Foi a comunicação social que desmascarou uns quantos casos de corrupção, desde corrupção local, a casos mais mediáticos que todos conhecemos e alguns bem próximos de todos nós. Dentro da CS existe uma área mais específica que é o jornalismo de investigação. Aqui, tiramos o chapéu aos jornalistas que investigam meses a fio para mostrar ao mundo a realidade e a veracidade dos factos. Só em democracia a comunicação social se torna fundamental, desde que independente.

Aproveitamos, desde já, para manifestar a nossa gratidão a todos os órgão de comunicação social, regionais e nacionais, por nos manterem informados e, assim, nos ajudarem a decidir melhor. Um bem-haja a todos e que nunca vos doam as mãos.

Como o nosso blog se dedica exclusivamente a assuntos do concelho da Covilhã, esta semana surgiram-nos algumas questões que queremos levantar, precisamente sobre o modus operandi, ou sobre os critérios utilizados pelos jornais e rádios locais, para a publicação de notícias, entrevistas, artigos de opinião ou crónicas semanais e mensais.

A primeira pergunta pode ser exatamente essa: Quais os critérios em que se baseiam para os convites ou participação de pessoas e posterior publicação das suas ideias? É para obtenção de conteúdo para preencher páginas e/ou preencher o tempo que estão no ar? Basta preencher páginas e tempo, ou têm uma seleção criteriosa e cuidada do conteúdo a publicar? Ou simplesmente aceitam uma vez que estamos em democracia e, por isso, cada um escreve e diz aquilo que bem entende? Sem menosprezar este último ponto, temos de concordar que isso pode levar ao desleixo e ao abandalhar de conteúdos. Devemos ter em conta que os meios de imprensa são influenciadores de opinião. Devem ser abrangentes e permitir que todos se exprimam, de forma a que não haja qualquer indício de sectarismo e de facciosismo. Jamais impedir a liberdade de expressão e a pluralidade de opinião, mas esta deve ser muito bem enquadrada e selecionada para que não se perca qualidade de informação. Mas será que é isso que acontece? Estão ou não todos (Jornal Fórum, Notícias da Covilhã, Rádio Clube da Covilhã, Rádio Cova da Beira) afastados de determinadas influências para a publicação de notícias? Existe ou não algum tipo de força político-económica por trás, que possa influenciar os famosos estatutos editoriais? Temos conhecimento que um órgão de imprensa escrita da Covilhã rejeitou um artigo de opinião, usando o argumento de violação dos estatutos editoriais. Quem escrevia tais artigos, sempre o fez ao longo de vários anos. Num ápice, aquele artigo, que era bastante crítico à edilidade, passou, alegadamente, a violar os estatutos e não foi aceite. Consultámos as respetivas páginas de internet, mas os campos sobre “Código de Conduta” e “Declaração de Transparência” estão vazios. Talvez esteja em curso uma reformulação do site.... Uma imprensa livre contribui para uma sociedade livre.



Lei Nº 78/2015 em Diário da República

A imprensa, pelo papel que tem numa sociedade democrática, deve ser também questionada. Assim, mediante as evidências, naturalmente surgem perguntas, dúvidas e outras tantas inquietações. Por exemplo, a imagem que a RCC nos transmite é, na nossa opinião, a de uma espécie de porta-voz da Câmara Municipal. São sempre, ou quase sempre, os primeiros a dar voz ao Sr. Presidente quando este pretende comunicar algo. A RCC noticiou em primeira mão, se não nos falha a memória, as refeições distribuídas para alguns alunos; a gratuitidade dos estacionamentos em tempos de pandemia; o alargamento do período desta mesma gratuitidade; a defesa pessoal do Presidente aquando da trapalhada do Bairro do Património; o pagamento das taxas de entrega de refeições; e mais umas tantas notícias. Uma vez que hoje em dia o termo “transparência” é tanto utilizado, gostaríamos de saber qual a relação da RCC com a Câmara. Mesmo quando há a aprovação de alguma medida por parte dos autarcas, a RCC simplesmente publica aquilo que eles declaram. E confrontá-los? Os radialistas não perguntam nada quando os autarcas discursam? É só ouvir e escrever? Não haverá falta daquele “atrevimento” jornalístico na RCC quando alguém da CMC fala? Podiam ou não lançar-lhes perguntas fraturantes? Por exemplo, José Miguel Oliveira afirmou, à RCC, que queriam “mexer” no contrato de concessão das águas para reduzir o preço do saneamento. Até agora nada aconteceu. Já alguém da RCC voltou a questionar JMO? Qual o papel da RCC no concelho? Além de publicar tudo o que a edilidade afirma, não seria interessante exercer mais investigação e ir atrás dos interesses comuns?

Outro exemplo que nos deixou um pouco perplexos foi a entrevista de Carlos Pinto à Rádio Cova da Beira, onde foi abordado o tema das águas. Carlos Pinto falou como quis, deixando a imagem que a concessão das águas foi um “negócio da China” para o município. Sr. Carlos Pinto, pergunte à população do concelho o que acha dessa concessão. Mas o que deve ser realçado nesta entrevista é a incapacidade do entrevistador em colocar as perguntas que são realmente necessárias. Para isso, a RCB tinha de investigar todo o processo da concessão das águas e, caso o tivesse feito, iria encontrar um documento intitulado “Programa POLIS”. Aqui consta que existia a possibilidade da CMC pedir financiamento para a construção de uma grande ETAR. Se o tivesse feito, já não seria necessária a concessão. E, consequentemente, a população estaria agora a pagar menos na sua fatura. Na eventualidade do entrevistador investigar o caso e ter em sua posse o programa POLIS (documento de domínio público) poderia ter feito perguntas que talvez criassem algum desconforto em Carlos Pinto. Ficaram muitas perguntas por lhe fazer sobre o tema das águas. O problema é que investigar dá muito trabalho...

Uma vez que estamos em ano de autárquicas, consideramos absolutamente natural e necessário que os elementos ligados à política local se debrucem sobre os problemas e soluções para o concelho. É ou não notório que o concelho está rodeado de problemas? Temos: a urbanização e sua falta de estética e funcionalidade, a TOS, o desemprego, o aumento do número de pessoas a abandonar o concelho, a não redução do IMI, a pobreza energética, a pobreza material, os idosos a viverem sozinhos, a carência de determinadas valências no nosso hospital, as promessas à Instinto e podíamos escrever mais uma boa quantia de páginas a relatar problemas. Perante tudo isto, temos militantes de alguns partidos locais que enviam crónicas para jornais e rádios falando de forma depreciativa do trabalho de António Costa e de Marta Temido. Isto permite-nos concluir que estes militantes não têm a mínima ideia dos problema que afetam o concelho. Andaram por aí a buzinar a pedir a abolição/redução das portagens, e pelos vistos esqueceram-se, ou não sabem, de outras coisas importantes. A questão que queremos lançar à RCB é: Estando em ano de autárquicas, não seria mais útil que os militantes que oferecem conteúdos, o fizessem indo em direção aos problemas do concelho e região? Existe ou não na RCB uma grelha de conteúdos? Poderá ser considerado normal que pessoas que não têm a mínima capacidade para lidar com os problemas regionais, lancem crónicas (sem soluções) sobre problemas nacionais? É consensual que políticos e militantes regionais têm responsabilidade acrescida quando se pronunciam; isso não merecia uma atenção mais cuidada? Deverá ser isso analisado, ou não, antes de enviar para o ar tão “úteis” crónicas para a Covilhã....?!?!?

Que se analise de forma fria aquilo que está a acontecer com a imprensa local. Aquilo que vemos é uma autêntica confusão temática, sem qualquer planeamento. Qual é a relação da RCB, RCC, Jornal Fórum e Noticias da Covilhã com os partidos locais e Câmaras? Querem explicar em que critérios se baseiam para aceitar que alguns militantes tenham tempo de antena? Quando lhes é concedido esse tempo, este está inserido numa grelha de conteúdos da rádio/jornal devidamente planeada, ou simplesmente lhes é dada carta branca? Ou nem há planeamento? Não se trata de censura, mas sim de um equilíbrio e de uma harmonia entre várias entidades: comunicação social local, sociedade, partidos e autarcas.

2021 é um ano de autárquicas...e temos elementos de partidos (que nem vereação alcançam, nem apresentam soluções para nada) a querer mexer em temas mais elevados. Aquelas pessoas que reivindicam, ilusoriamente, a discriminação positiva do interior são as mesmas que, em ano de autárquicas, falam de Lisboa....!!! E o mais grave é que isto é tudo divulgado. Haja bom senso!

Tendo em conta que é ano de autárquicas, tendo em conta que este concelho está abandonado e tendo em conta a importância de uma comunicação social livre e isenta, achamos sensato que se direcionem energias para aquilo que realmente interessa: a Covilhã.

“Jornalismo é publicar aquilo que alguém não quer que se publique.

Tudo o resto é publicidade”

George Orwell


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